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Vereadores de Contagem cobram melhoria na gestão e no atendimento da UPA JK

28 de março, por Leandro Perché

A visita da Comissão de Saúde da Câmara Municipal de Contagem à UPA JK, na última quinta-feira (23), rendeu informações importantes para a busca de melhoria no atendimento e na gestão daquela unidade de saúde localizada no Eldorado. Os vereadores tiveram a oportunidade de conversar com pacientes, percorrer toda a unidade e se reunir com a coordenação, para entender a situação e o funcionamento da UPA.

Considerada a mais bem estruturada do Município, a unidade é a única terceirizada em Contagem, sendo gerida por uma Organização Social de Saúde (OS) e contando com cerca de 300 funcionários. A UPA passou recentemente por problemas de falta de material e medicamentos, além de os vereadores virem recebendo várias denúncias de problemas no atendimento aos pacientes e falta de condições adequadas de trabalho para os funcionários.

Os vereadores Dr. Wellington Ortopedista (PDT), Xexéu (PTB), Vinícius Faria (PCdoB), Bruno Barreiro (PV), Jair Tropical (PCdoB) e Alex Chiodi (SD), que compõem a Comissão, além do vereador Daniel do Irineu (PP), começaram a visita conversando com pacientes e acompanhantes que esperavam o atendimento na recepção. E a grande maioria elogiou a estrutura e o preparo dos profissionais.

Gilda Farias Lopes, que estava acompanhando o filho com problemas renais, ressaltou que muitas pessoas preferem sair de outras regiões da cidade para serem atendidas na UPA JK. “Moro no centro de Contagem, e prefiro vir para o Eldorado do que ser atendida na Unidade 16, que não tem condições nenhuma. Aqui na UPA JK, meu filho foi atendido rapidamente hoje e o atendimento é dez sempre que precisamos. Acho que é por isso que costuma estar cheio, pois todo mundo o procura”, elogiou.

Entre os pacientes internados, no entanto, há muitas reclamações, principalmente entre aqueles que ficam mal acomodados na sala de medicação, que está preparada para receber pacientes por, no máximo, 12 horas, mas comporta várias pessoas que estão lá há mais de uma semana.

O paciente L.E.R (iniciais do nome), que estava internado há nove dias aguardando cirurgia ortopédica, reclamou da falta de acomodação adequada, excesso de pacientes e falta de informação. “Todos aqui dormem nas cadeiras, até idosos de 90 anos, e ficamos todos à mercê da sorte; ninguém dá explicação de nada e sempre está muito cheio. Hoje, está limpo, mas nem sempre é assim”, desabafou. Ele isentou os funcionários da reclamação, e teve apoio dos outros pacientes que dividiam a sala.

Apuração de denúncias

Caminhando pela unidade, conversando com pacientes e com a coordenação da UPA, os vereadores notaram que algumas irregularidades apontadas em denúncias que chegaram aos seus gabinetes não procediam no momento ou já haviam sido sanadas.

“A visita foi importante por ser a única UPA terceirizada, e fomos verificar o cumprimento do contrato e apurar denúncias da população. Naquele momento, a unidade estava quase em perfeitas condições, mas com alguns problemas como um buraco no teto, mais de oito pacientes internados na sala de medicação, aguardando leito, sol batendo direto naquela sala, sem ventilação adequada para pacientes que nem deviam estar lá”, destacou Dr. Wellington, presidente da Comissão de Saúde.

A falta de medicamentos relatada no início deste ano havia sido sanada. E a coordenação da unidade relatou que “realmente houve dificuldades em janeiro e fevereiro, devido a atraso no repasse de recursos da Prefeitura, além de problemas em encontrar alguns medicamentos no mercado”, conforme explicou Mário Caliari, coordenador médico da UPA JK. Sobre isso, a Comissão destacou que não admitirá mais que o usuário seja prejudicado.

Outro problema que havia sido resolvido foi da câmera que estaria invadindo a privacidade dos pacientes. O Diretor Técnico da unidade, Gustavo Campos, relatou que sua instalação tinha o objetivo de acompanhar o fluxo de trabalho dos profissionais, mas admitiu que a câmera estava realmente mal posicionada, incomodando os usuários, e foi retirada pela coordenação na última semana.

Em relação aos profissionais de saúde que trabalham na unidade, a coordenação rebateu a denúncia de que os cursos de reciclagem não durariam mais de 15 ou 20 minutos e que os participantes seriam obrigados a assinar duas horas de aula. Gustavo Campos afirmou que há cursos mensais para a parte administrativa e, de acordo com a demanda, para outros profissionais de saúde, sempre em dias e horários de menor movimento na UPA e com duração mínima de duas horas.

Um dos sérios problemas constatados pela Comissão foi a quantidade de técnicos e a escala médica, que acabam deixando profissionais sobrecarregados e aumenta o tempo de espera dos pacientes. “Há uma escala de 15 ou 16 técnicos, que é aceito pelo Coren (Conselho Regional de Enfermagem), mas eles trabalham no limite. Por isso, solicitamos o aumento do número de técnicos, por causa da grande demanda. E a escala médica também, principalmente da ortopedia no plantão noturno, pois a UPA JK é o único núcleo de atendimento dessa especialidade”, disse Dr. Wellington, acrescentando também que a OS não fornece café-da-manhã para os funcionários, tendo o substituído por uma ceia noturna.

A Comissão de Saúde da Câmara constatou também o grande número de pacientes ortopédicos internados na UPA JK aguardando cirurgia. Diante disso, a ideia é solicitar à Secretaria Municipal de Saúde, em caráter de urgência, a realização de mutirões de cirurgias ortopédicas aos sábados e domingos nos períodos da manhã e da tarde. No entanto, Dr. Wellington destaca que a solução efetiva seria a instalação de um centro de Ortopedia e Traumatologia em Contagem, já solicitada por ele em requerimento.

Diante dos problemas encontrados, é exigência dos vereadores que a OS receba, permanentemente no conselho de gestão do contrato com a Prefeitura, um membro da Comissão de Saúde da Câmara, para fiscalizar se todos os itens estão sendo cumpridos. Além disso, outra demanda é pela presença de um gestor público da Prefeitura participando da gestão da OS, que é uma exigência da Lei Orgânica do Município.

Dificuldades da OS

A coordenação da Organização de Saúde responsável pela UPA JK ressaltou que a principal dificuldade se relaciona, além do grande fluxo de pacientes, à gestão de leitos. Segundo aqueles que acompanharam a visita, a unidade tem cerca de 40 leitos, mas costuma receber, no mínimo, 45 e até 70 pacientes em internação. Isso explicaria os vários pacientes internados na sala de medicação, sem as condições adequadas.

Gustavo Campos criticou as condições das unidades de saúde de Contagem e a falta de um centro cardiológico e de ortopedia para que a UPA possa encaminhar o paciente. “Temos que trabalhar juntos para reestruturarmos as extremidades. Precisamos de uma unidade básica funcionando, precisamos ter condições para referenciar o paciente para o posto, fazer uma interligação do sistema. Não adianta a JK ser uma unidade estruturada isolada no Município, pois não temos capacidade humana e estrutural de atender todas as expectativas da população”, desabafou.

Ele concluiu ressaltando que quer o envolvimento dos vereadores e do poder público para sugerir e trabalhar juntos para desenvolver um serviço de excelência não apenas na UPA JK, mas em todo o sistema público de saúde de Contagem.

O presidente da Comissão ressaltou que o objetivo das visitas às unidades de saúde é justamente buscar a melhores condições para pacientes e profissionais. “Agradecemos a disponibilidade da equipe da UPA em nos receber. A finalidade da Comissão é ser porta-voz da população, sem ser contra ou a favor da administração, mas buscando que a população seja atendida com dignidade e humanização e que os funcionários trabalhem satisfeitos”, concluiu Dr. Wellington.

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