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Contra ataques pessoais e comentários racistas, vereadores prestam solidariedade a Moara Saboia

27 de abril, por lorena.carazza

Os vereadores de Contagem repercutiram, nesta terça-feira (27/04), um assunto que tomou as redes sociais e alguns veículos da grande mídia na última semana: os comentários agressivos sofridos pela vereadora Moara Saboia durante a transmissão ao vivo da 12ª reunião ordinária da Câmara, realizada no dia 20/04. 

Os comentários, que criticavam seu posicionamento político e tinham cunho racista e machista, foram suscitados pela discussão, em primeiro turno, do Projeto de Lei nº 010/2021, de autoria do vereador Hugo Vilaça (Avante) e coautoria do vereador Léo da Academia (PL). Hugo chegou a defender o respeito às opiniões divergentes durante o debate, ao perceber o tom dos comentários na transmissão.

A parlamentar justificava, na ocasião, seu voto contrário ao projeto, que reconhece como atividades essenciais as academias de musculação, ginástica, artes marciais e todo tipo de esportes, permitindo que esses espaços possam manter o funcionamento e atendimentos presenciais durante a pandemia. 

Moara foi alertada pela assessoria de comunicação da Câmara, que durante a transmissão identificou a princípio as ofensas. Depois de analisá-las, a vereadora compareceu a uma delegacia da Polícia Civil, onde fez uma denúncia formal.

A parlamentar comentou o assunto, e ressaltou que não se pode “normalizar” o racismo e o machismo, apesar de estes serem traços constantes da sociedade. Além disso, disse em um vídeo gravado em suas redes sociais, ao sair da delegacia, que “o espaço virtual não é um espaço sem lei, onde as pessoas podem falar o que  querem e não serem responsabilizadas por isso”.  

Moção de repúdio

Nesta terça, o debate sobre o ocorrido começou quando o vereador Zé Antônio do Hospital (PT) falou sobre a moção de repúdio, de sua autoria, contra os autores dos comentários. “Divergir sobre a forma como votou sim, mas não à discriminação a uma vereadora que ao longo da sua vida sempre lutou, junto de sua família, pela causa dos mais humildes dessa cidade”, disse.

Abne Motta (DC), que frequentemente entra em embate com a vereadora nas votações de projetos e discussões de proposições, também deu sua contribuição. Disse representar as pessoas que, assim como ele, não concordam com as ideologias defendidas pela vereadora mas que entendem que elas devem ser respeitadas.

Moara reforçou que não tem problemas com a divergência e o contraditório, e que não leva as discussões políticas para o lado pessoal. “Mas fizemos a opção de denunciar e publicizar isso porque se eu, que sou vereadora eleita e figura pública, sou atacada desta forma, imagnem o que vive o povo negro desta cidade!”, lamentou.

A vereadora aproveitou a disccussão para lembrar o caso da vereadora do Rio de Janeiro, Marielle Franco, cujo posicionamento político levou a seu assassinato, ainda sem respostas e justiça, em 2018. “Inclusive, entrei, no mês de março, com o Projeto de Lei Marielle Franco, que institui o ‘Dia Marielle Franco’ de enfrentamento à violência política contra as mulheres”, destacou a parlamentar. O projeto já tramita na Câmara e aguarda os pareceres da Procuradoria e das comissões temáticas responsáveis. 

O presidente da Câmara, vereador Alex Chiodi (Solidariedade), lembrou que na Casa existe a Comissão de Direitos Humanos e Cidadania, que pode atuar ajudando na eventual apuração dos fatos. O vereador José Carlos (Avante) julgou “inadmissíveis” os comentários racistas e leu a nota oficial divulgada pelo Legislativo. 

Carlin Moura (PDT) aproveitou a ocasião do debate para enaltecer a trajetória política de Moara, seu destaque na União Nacional dos Estudantes (UNE) e a sua atuação, inclusive, à frente da Coordenadoria de Promoção da Igualdade Racial na época em que ele era prefeito de Contagem.

Daisy Silva (Republicanos) e Glória da Aposentadoria (PSDB) também lamentaram os ataques, em solidariedade à companheira de Legislatura. Gegê Marreco (PTB) elogiou o protagonismo de Moara, discorrendo sobre mulheres negras que ocupam posições de destaque na política.

Denilson da Juc (PSL), por sua vez, contou que várias vezes sofreu ataques e preconceitos em razão de sua cor, mas encorajou Moara a continuar lutando por uma população que antes era “órfã” de representantes. “Você trouxe voz a diversos segmentos que não a tinha, e isso incomoda, Moara. Mas nós só vamos fazer a transformação da sociedade dando voz aos oprimidos”, disse Arnaldo de Oliveira (PTB).

As discussões foram encerradas com as palavras de Daniel Carvalho (PL). Ele, que foi presidente da Câmara por quatro anos (2017/2020), lembrou da sua luta para preservar sua imagem e a sua família de ataques pessoais que sofreu ao longo do seu mandato. “Muitas vezes, lutei sozinho”, desabafou. Assim, se colocou à disposição da vereadora para testemunhar ou fortalecer sua defesa. “É inadmissível receber afrontas pessoais”, finalizou o ex-presidente. 

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