Vereadores se reúnem com Transcon e Secretaria de Obras para tratar do Sistema Integrado de Mobilidade

Na última quinta-feira (8/5), vereadores participaram de uma reunião com a Transcon e a Secretaria de Obras da Prefeitura de Contagem, realizada na Presidência da Câmara Municipal. O objetivo do encontro foi a apresentação da atual situação do Sistema Integrado de Mobilidade (SIM), projeto que deverá transformar significativamente o transporte coletivo e a mobilidade urbana do município. A previsão é de que o sistema seja concluído e entregue à população no segundo semestre de 2026.

Estiveram presentes, além de 16 vereadores, o presidente e o vice-presidente da Transcon, Rodrigo Tomaz e Afonso Fraga, respectivamente, o secretário municipal de Obras, Rômulo Perilli, além de gestores, técnicos e engenheiros das duas pastas, responsáveis pela execução das obras e intervenções do SIM. A reunião com a Câmara de Contagem é a primeira de uma série de encontros que também ocorrerão com instituições como ACIC, FIEMG, CIEMG, entre outras, bem como com secretarias e setores da própria Prefeitura.

Novo conceito em mobilidade

O SIM é um projeto iniciado em 2016, desenvolvido pela Transcon (responsável pela operação) e pela Secretaria de Obras (responsável pelas intervenções), tendo sido reavaliado e ajustado ao longo das sucessivas gestões municipais, com o objetivo de adaptá-lo às transformações urbanas. O sistema prevê a construção e/ou duplicação de viadutos, trincheiras e corredores de transporte, a requalificação de vias, além da construção de cinco terminais de ônibus — dos quais três já foram concluídos — e de dez estações de transferência, cujas obras também estão finalizadas.

Além das intervenções estruturais, haverá alterações no sistema e nos itinerários dos ônibus. Com o novo modelo de transporte, o cidadão embarcará em um terminal e seguirá até sua região de destino pagando uma tarifa única. No Corredor Norte-Sul — avenidas João César de Oliveira e General David Sarnoff — será implantado o sistema BRT, no qual os ônibus trafegarão em faixas exclusivas, com embarque e desembarque pelo lado esquerdo, em estações localizadas no centro das pistas. Já nos corredores Leste-Oeste e Ressaca, será adotado o sistema BRS, que reserva faixas preferenciais aos coletivos, com embarque e desembarque pelo lado direito, conforme o modelo atual.

Com a implantação do SIM, Contagem contará com 64 linhas de ônibus — 23 a mais que no sistema vigente. O tempo médio de viagem do passageiro passará de 120 para 50 minutos, em virtude do aumento da velocidade operacional. Embora a frota operante seja reduzida de 265 para 189 veículos, a média de viagens em dias úteis será dobrada. “Contudo, a cidade de dez anos atrás não é a mesma de hoje”, ponderou Marco Antônio, ao explicar que o município conta com contrato em vigor que está sendo revisto para atualização da rede de transporte, o que poderá ocasionar pequenas variações nesses números.

Para Rodrigo Tomaz, a conclusão das obras deverá estimular o retorno da população ao transporte público, que sofreu forte evasão em razão da pandemia e da precariedade do serviço atual, resultando em migração para o transporte individual, por meio de veículos próprios ou aplicativos. “Com o sistema, pagando uma tarifa única e se locomovendo com mais agilidade, vamos trazer o cidadão de volta. Vamos oferecer um serviço melhor ao usuário, para que ele volte a usar o transporte público com confiança na cidade”, afirmou.

Ao final da apresentação técnica, o secretário Rômulo Perilli detalhou o andamento das obras e os valores envolvidos. Atualmente, 69% das intervenções estão concluídas, 26% encontram-se em execução e 5% ainda serão iniciadas. Perilli também informou que o problema de alagamento na trincheira do Itaú será solucionado ainda este ano, com a construção de uma galeria que será interligada ao curso d’água existente dentro do empreendimento da Direcional, na Avenida David Sarnoff. A apresentação foi concluída com um panorama do programa Asfalto Novo, que já finalizou duas de suas três etapas, com investimento superior a R$ 340 milhões.

Questionamentos dos vereadores

Após a apresentação, os parlamentares puderam dirigir perguntas aos gestores. Gegê Marreco (Rede), Fatinha Manancial (União) e Adilson Lamounier (União), entre outros pontos, abordaram questões relativas ao programa Asfalto Novo, incluindo a sinalização das vias já revitalizadas e os critérios utilizados para sua escolha.

O vereador Pastor Itamar (PRD) fez comparações com os sistemas de transporte público das principais cidades europeias, esperando que o SIM traga vantagens em tempo, conforto e preço para os usuários. As vereadoras Adriana Souza e Moara Saboia, ambas do PT, demonstraram preocupação com a integração das ciclovias ao novo sistema. Adriana também destacou a necessidade de revitalização e iluminação dos becos, que desempenham papel relevante na mobilidade ativa dos pedestres, e questionou a possibilidade de integração das linhas ferroviárias, considerando o eventual retorno do trem de passageiros. Moara acrescentou questionamentos sobre as linhas que atenderão áreas de difícil acesso, como vilas e aglomerados.

Arnaldo de Oliveira (Solidariedade) questionou a implantação do terminal de integração da Avenida Portugal, no bairro Eldorado, previsto no projeto inicial do SIM, mas ainda não executado. O parlamentar ponderou, inclusive, a inviabilidade de sua construção. Já o vereador Rodrigo do Posto (Mobiliza) questionou os itinerários dos ônibus e sua conexão com os principais equipamentos de saúde do município, como as Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) e farmácias distritais.

Preocupado com a segurança nos terminais em função do grande fluxo de pessoas, o vereador Pedro Luiz (PL) sugeriu a instalação de câmeras com reconhecimento facial e a formalização de parcerias com a Secretaria Municipal de Defesa Social e a Polícia Militar. Ao encerrar a reunião, o presidente da Câmara, Bruno Barreiro (PV), agradeceu a presença da Transcon e da Secretaria de Obras, destacou a importância do diálogo entre Legislativo e Executivo e colocou o parlamento municipal à disposição “para contribuir, no que couber a ela, com o desenvolvimento da cidade”.