Entrevista: Líder de Governo, Daniel do Irineu, faz balanço do primeiro semestre legislativo

No dia 07 de janeiro deste ano, o vereador Daniel do Irineu (PSB) foi anunciado  como líder de governo na Câmara de Contagem. Desde então, ele é o responsável pela interlocução entre os vereadores e a Prefeitura, esclarecendo dúvidas sobre os projetos do poder Executivo, articulando e buscando construir consensos em relação às proposições encaminhadas pela Prefeitura.

Filho do ex-vereador e ex-presidente da Câmara de Contagem, Professor Irineu Inácio, que também foi deputado federal, Daniel está em seu terceiro mandato como vereador, e assume a liderança de governo pela primeira vez, inicialmente, tendo a vereadora Adriana Souza (PT) como vice-líder e, desde a última semana, o vereador Didi (PRB) na função.

Nesta entrevista, gravada em 10 de julho e atualizada no último dia 18, o parlamentar faz um balanço dos primeiros seis meses de sua liderança de governo, da atual gestão da Câmara e sua relação com o Executivo.

Vamos começar por uma curiosidade da sua vida política. Você está no seu terceiro mandato de vereador e, no primeiro, você foi oposição, cumprindo um papel importante de questionamento do então prefeito na época; e, agora, mais nos bastidores, como um defensor do governo, como líder de governo na Câmara. Como é que foi para você fazer essa adaptação de uma função para a outra?

Para mim, sempre foi muito tranquilo, porque o meu trabalho na política sempre foi muito pautado pelas minhas convicções e pelo diálogo com os parlamentares, pelo diálogo com os colegas. No primeiro mandato, eu sempre tinha muita convicção, como tenho até hoje, na história, de que estava do lado certo em ser oposição ao ex-prefeito Alex de Freitas. Do mesmo jeito que, desde o primeiro mandato da Marília, com muita convicção, sempre fui base de seu governo, por acreditar no trabalho da prefeita. Então, a minha trajetória política é pautada no que eu acredito das pessoas, das boas intenções, das ações. E, como eu sempre falo, sem olhar muito essa questão de direita e esquerda, mas olhar o que cada um pensa para a cidade, o que cada um está fazendo para o município de Contagem.

Agora, falando da sua atual função, qual o balanço que você faz da liderança de governo no primeiro semestre?

O balanço é muito positivo. Vale ressaltar que hoje a Câmara tem 25 vereadores, e temos uma base ampla do governo Marília, composta por 22 parlamentares, o que eu vejo como algo quase inédito, vendo aí um Brasil polarizado como a gente tem hoje.

Como você avalia a gestão da Câmara e sua relação com o Executivo?

Vejo com muito bons olhos. A gente tem a Marília como chefe do Executivo, que é uma pessoa muito aberta ao diálogo; e, à frente do Legislativo, nós temos o Bruno Barreiro, junto com toda a Mesa Diretora, que também tem esse mesmo perfil. Então, não tem como dar errado! Mesmo com uma Câmara muito maior, com 25 parlamentares, com muito mais debates, com muito mais discussões acaloradas, ainda assim, a gente consegue manter uma harmonia, que é tradicional da nossa cidade, e acho que o Bruno tem feito essa ponte com o Executivo de maneira excelente.

Dessa forma, temos uma relação tranquila com o Executivo. Quando a gente fala de política, quando a gente fala de parlamento, fala de divergência de opiniões e é até esse o propósito de ter um poder Legislativo. A Câmara de Contagem tem uma característica muito específica das outras que, mesmo quando vemos as pessoas se degladiando por política, parlamentares de baixo escalão para todo lado, nesta Casa a gente tenta manter o diálogo sempre mais ativo e respeitoso.

Nesta legislatura, a prefeita Marília Campos tem uma oposição mais barulhenta do que na anterior. Como a liderança de governo lida com essa realidade?

A gente lida com muita harmonia, muito diálogo, mas vejo como algo normal num Brasil polarizado como esse, em que, muita das vezes, as pautas nacionais têm muito mais repercussão, muito mais debate, do que as pautas que nos importam, que são as municipais. Mas a gente vê como algo natural a oposição e, com diálogo, vamos superando isso com muita tranquilidade.

Foi um semestre de muito trabalho. Você pode destacar algum projeto apreciado nesse período?

A gente vê o trabalho da liderança com os projetos do Executivo com um balanço muito positivo. Nesse primeiro semestre, todos os projetos do Executivo foram aprovados, vários deles com o voto de todos os parlamentares da Câmara. Isso mostra o poder do diálogo, as intenções do governo Marília, e que, em muitas pautas, a gente caminha unido. A gente teve, por exemplo, o projeto de isenção de IPTU em áreas que foram atingidas por obras. A gente teve as diretrizes para a LOA, que foi aprovada na Casa há pouco tempo, e vários outros projetos que são de suma relevância para o município. Mas, como eu disse, vários deles, tiveram o voto, inclusive, da oposição.

Qual foi o projeto ou situação que exigiu mais da articulação da liderança de governo?

Todos os projetos demandam articulação da liderança, uma vez que a gente tem uma Casa muito ampla, com muita divergência de opiniões. Então, podemos falar que todos os projetos têm certo nível de dificuldade, cada um, em algum território, em alguma área ou com algum parlamentar. Mas, como eu mencionei; a gente vem trabalhando nisso com muita harmonia.

Impossível não mencionar a renúncia da vereadora Adriana Souza à função de vice-líder. Como foi trabalhar com ela e como você viu essa saída?

Eu vi a saída dela como uma decisão muito pessoal. Não foi discutido com a gente, também não participei de nenhuma discussão no governo, e acredito que ela teve essa decisão por buscar outros ares, ter outros objetivos. Vejo que a atuação com ela foi harmônica, como continua sendo dentro do parlamento, junto com os outros vereadores. Todo mundo tem uma harmonia muito grande. Vale lembrar que a Câmara de Contagem tem uma característica muito específica, que é, como eu disse, dessa harmonia, desse diálogo entre os vereadores, e ela se inclui nisso também.

O que achou da indicação do vereador Didi para vice-líder e quais as expectativas para trabalhar junto com ele?

Foi ótima a indicação do Didi, que é uma pessoa que tenho um grande apreço, que conheço e tenho amizade há mais de 20 anos, e é uma alegria muito grande estar ao seu lado nesse desafio. A liderança de governo tem que estar pautada pelo diálogo, pelo bom relacionamento entre os pares e também por acreditar nas ações do governo. Nesse sentido, tenho certeza que ele dará conta do recado, pois, além de tudo, sempre foi muito dedicado, e teremos bons resultados nessa missão.  

Considerando esse primeiro semestre tão intenso, quais as suas expectativas em relação ao segundo semestre e aos próximos anos?

A expectativa é muito boa. A gente tem que dar um voto de confiança para a gestão municipal, entendendo que é a quarta vez que Marília está à frente da cidade de Contagem. É uma prefeita com quase 80% de aprovação, uma das mais altas do Brasil, e a prefeita que foi eleita com o maior número de votos do Brasil. Em relação ao Legislativo, como eu sempre digo, me sinto muito grato por estar na Câmara de Contagem, ainda mais num cenário político tão diferente, tão agressivo, que a gente vê em outras câmaras. Na Câmara de Contagem, a gente diverge de opiniões, diverge de ideias, a gente debate muito naquele plenário, mas sempre com respeito, com harmonia, sempre com muita conversa entre os parlamentares. Então, acho que isso é uma característica que torna esse trabalho parlamentar um pouco mais leve, mesmo tendo muitos debates, muitas disputas ideológicas, que é natural do parlamento. Mas a gente tem que entender sempre que o debate é no campo das ideias, não no campo pessoal, e vejo que a Câmara de Contagem tem essa característica muito clara e de maneira bem definida. Por isso, acredito que as expectativas são realmente muito boas, porque o perfil dos parlamentares não mudou, os vereadores são os mesmos e a gente vê que o reflexo do plenário é um reflexo da cidade.