Câmara de Contagem apoia campanha por repatriação de jovem morto no Camboja

Legislativo Municipal recebeu os pais de Gabriel Oliveira e encaminhou documento pedindo a intervenção do Governo Federal no caso.

Causou comoção, nos últimos meses, o caso do jovem contagense Gabriel Oliveira, falecido há três meses em um suposto acidente com gás na empresa onde trabalhava no Camboja, país do Sudeste Asiático. A família do mineiro acredita que ele tenha sido vítima de tráfico humano, e tem lutado por sua repatriação, para que possa viver o luto e se despedir adequadamente.

A Câmara Municipal de Contagem tem se engajado na campanha para buscar esclarecimentos e trazer o corpo do jovem de volta ao Brasil. O debate em plenário há duas semanas levou ao desenvolvimento de um documento assinado por todos os vereadores e encaminhado para o Ministro de Estado de Relações Exteriores, embaixador Mauro Vieira, pedindo a intervenção do Governo Brasileiro no caso, para a repatriação do corpo.

Nesta semana, o Legislativo recebeu, na Tribuna Livre da 33ª Reunião Ordinária, os pais de Gabriel Oliveira – Daniel de Araújo e Leniér Quirino – que falaram da dor de perder o filho e sua luta para repatriar o corpo.

“Viemos à Câmara reforçar o pedido, porque já foi falado nas plenárias passadas, a respeito do nosso filho, que foi morto no Camboja – fomos informados no dia 15 de julho, que havia ocorrido no dia 07 – e estamos recorrendo a todos os órgãos do governo municipal, estadual e federal para a repatriação do nosso filho. É um pedido de socorro, e esta Casa tem nos ajudado, já enviou um documento ao Itamaraty pedindo uma atenção ao caso, pois já são quase quatro meses e ele não retornou ao país”, destacou o pai.

“Ao descer aquelas escadas, me lembrei que a formatura do nosso filho no ensino médio foi aqui na Câmara, pela Funec, me trazendo um sentimento muito bom, por ser um dia de conquista na vida dele. Agora, estamos passando por esse momento difícil, de sofrimento, e fazendo, com esperança, um clamor pela repatriação do corpo do nosso filho, para que ele volte à sua pátria, para que possamos fazer uma passagem digna para ele e continuar vivendo a nossa vida em paz”, completou a mãe, cheia de emoção.

Por fim, Leniér e Daniel agradeceram o apoio que têm recebido e declararam a importância do engajamento na campanha, não apenas em relação ao Gabriel, mas no sentido de alertar as famílias e os jovens para os perigos relacionados ao tráfico de pessoas. Os pais pediram, ainda, que todos passem a seguir e compartilhar a página da campanha nas redes sociais @ repatriacaodogabriel. E solicitaram a presença dos vereadores na audiência pública sobre o assunto que seria realizada no dia 29/10 na Assembleia Legislativa de Minas Gerais.

Após as falas, o presidente da Câmara, vereador Bruno Barreiro (PV), ressaltou que “a Casa se sensibiliza com a causa, colocou o assunto em pauta em reuniões anteriores, encaminhou ofício para o Itamaraty assinado por todos os vereadores, e participará da audiência pública, dando seu apoio para que consigamos essa repatriação, para que ele possa descansar em paz e a família possa tranquilizar seu coração e cicatrizar essa ferida”.

Apoio

Em reuniões anteriores, sobretudo os vereadores Moara Saboia (PT), Mauricinho do Sanduíche (PL), Carol do Teteco (MDB) e Zé Antônio (PT) se uniram para pautar o debate sobre o tema na Câmara Municipal.

“Um jovem cheio de sonhos, ex-estudante de TI da Funec, Gabriel recebeu um convite para trabalhar na Ásia, potência em tecnologia, mas que se converteu em triste página da história da nossa cidade. Vítima de tráfico humano, faleceu em circunstâncias sem explicações no Camboja, e a família recebeu apenas um laudo do país”, introduziu Moara, em reunião realizada há duas semanas. “Estamos em diálogo com o Ministério dos Direitos Humanos e com a Câmara Federal para garantirmos que o corpo do Gabriel seja devolvido”, completou.

Na ocasião, Mauricinho e Carol destacaram a importância da comoção nacional, para que o corpo do jovem seja repatriado, e da conscientização das famílias brasileiras para que não aconteça com outras pessoas. “Participei da mobilização e precisamos que todos compartilhem o caso, para que possamos trazê-lo de volta, mas também para buscarmos informações de outros jovens que se encontram na mesma situação em outros países”, pontuou o vereador, que posteriormente, sugeriu o encaminhamento do documento ao Itamaraty.

“Não é uma pauta de direita ou esquerda, mas que deve mobilizar toda a sociedade, pois o pai tem recebido contato de famílias de outras pessoas que estão na mesma situação no Camboja ou na Tailândia, e precisamos fazer com que essa comoção chegue até as autoridades competentes para que o corpo possa retornar para o Brasil, mas também que não percamos mais vidas para o tráfico humano. Podem contar essa Casa nesse sentido”, concluiu Carol.