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Enfermeiros reivindicam na Câmara melhores condições de trabalho

30 de abril, por Leandro Perché

Os enfermeiros da rede pública de saúde do município lotaram as galerias da Câmara Municipal de Contagem nesta terça-feira (30/04) para reivindicar melhores condições de trabalho e valorização por parte da administração municipal.

Preocupado em dar voz aos servidores, o presidente da Câmara, Daniel Carvalho (PV), quebrou o protocolo e, com aprovação dos demais vereadores, abriu espaço na tribuna livre para que uma representante dos enfermeiros apresentasse as dificuldades enfrentadas pela categoria e suas reivindicações.

Enfermeira da rede há quase 20 anos, Gabriela Gonzaga foi a escolhida para falar em nome dos servidores, e leu um manifesto da enfermagem da atenção básica. “Vejo que a Casa Legislativa está sensibilizada em relação ao IGH  (Instituto de Gestão e Humanização) e aos profissionais médicos, mas é importante que também tenham conhecimento do que hoje vive a enfermagem na atenção básica”, destacou, iniciando sua fala.

A principal questão colocada se relacionou ao que consideraram “descaso com a categoria em relação a outras profissões, que receberam incentivos financeiros nos últimos anos, sem que o mesmo ocorresse com a enfermagem”. Gabriela destacou que isso  vem causando descontentamento nos profissionais e que essa questão já foi exposta para a administração.

O manifesto expôs também que os enfermeiros da atenção básica têm sofrido com sobrecarga de atribuições, que estariam sendo impostas pelos gestores, sem que haja investimento em estrutura e recursos básicos. “Os coordenadores das áreas técnicas só se preocupam em exigir planilhas à distância, se mantendo ausentes do processo de trabalho e insensíveis mediante os problemas das equipes”, externou Gabriela.

Ela pontuou que há defasagem de recursos humanos nas unidades básicas de saúde (UBS), faltando técnico de enfermagem, enfermeiros, agentes de saúde, e sem a realização de concurso para repor as perdas. Destacou a falta de insumos, e o ambiente de trabalho insalubre e sem segurança para os servidores. Outra dificuldade, segundo o manifesto, é o planejamento da atenção primária com base em dados desatualizados, “do IBGE de 2010”.

“Trabalhamos com a descaracterização da Estratégia da Saúde da Família, atendendo uma população muito acima da estipulada para cada equipe por área de abrangência. Isso resulta em baixa qualidade e resolutividade do serviço, pois perdemos a capacidade de planejamento das ações voltadas para a prevenção e acompanhamento de agravos crônicos, atendendo prioritariamente os casos agudos, como se fôssemos UPAs”, externou.

Para exemplificar a falta de planejamento, ela citou o caso do plano para o surto de dengue, “com estruturas improvisadas de atendimento de urgência dentro das unidades de saúde, com fluxos mal definidos, sem apoio logístico, sem recursos humanos suficientes, em meio a altas demandas da rotina”.

“Um plano que só funcionou porque a enfermagem esteve à frente, atendendo e assistindo a todos os casos com o que melhor sabemos fazer, que é acolher e cuidar com eficiência. Mas tudo à custa de muitas aflições, dificuldades, riscos, tumultos, exaustão e estresse”, desabafou Gabriela Gonzaga.

Ela pediu mais valorização para a enfermagem e fez um apelo para que os governantes tenham mais atenção para com a categoria, citando o movimento Nursing Now (Enfermagem Agora), campanha mundial que destaca a importância da enfermagem para atingir as metas mundiais, nacionais e locais de saúde.

“No Brasil, somos mais de dois milhões de profissionais de enfermagem e, em Contagem, também somos muitos e o melhor: somos altamente qualificados, dedicados, experientes. Portanto, exigimos respeito a nossa profissão, queremos reconhecimento e valorização sim, pois merecemos. Fazemos muito mais pela saúde da população do que qualquer outro profissional, pois atuamos na prevenção, na cura, na gestão dos cuidados e assistência à saúde em todos os ciclos da vida, faixas etárias e condições sociais”, pontuou.

Por fim, expôs a discordância da categoria em relação à minuta apresentada pela Secretaria Municipal de Saúde sobre as mudanças nas gratificações, considerando-as “privilégio a outras categorias profissionais que atuam na mesma equipe, submetidas às mesmas condições da enfermagem”. E solicitou: mais justiça e isonomia na definição de gratificações, e que sejam retroativas a 2018; a reclassificação dos níveis das equipes de acordo com dados atuais de vulnerabilidade e risco; e o apoio do Legislativo nas negociações.

Câmara busca soluções

Em aparte, o vereador Dr. Rubens Campos (DC), falou de sua experiência como médico e reafirmou a importância do profissional de enfermagem, assim como de todos aqueles que participam dos cuidados à saúde. Parabenizou o manifesto dos enfermeiros e externou seu apoio para a categoria.

O presidente Daniel Carvalho também parabenizou a categoria pelo movimento, e ressaltou que a Comissão de Saúde, a presidência e a Mesa Diretora da Câmara se envolverão ativamente para buscar respostas rápidas do Executivo para os servidores e soluções que representem melhores condições para a categoria.

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