Secretaria de Saúde fala sobre a situação da dengue em Contagem na Tribuna da Câmara

Foto: Ronnie Von/PMC

Clima tropical, com oscilação entre dias quentes, muito quentes e chuva. Esta é a descrição não só do clima que temos enfrentado desde o fim do ano passado, mas também do ambiente ideal para a proliferação do Aedes aegypti, o mosquito que transmite, entre outras doenças, a dengue, a zika e a chikungunya. Não é coincidência, então, que as notícias dos jornais tenham mostrado, dia a dia, o aumento dos casos dessas chamadas arboviroses.

A estimativa do Ministério da Saúde é de que o País deva registrar mais de 2 milhões de casos este ano e, seguindo o crescimento dos números nacionais, Contagem está oficialmente no meio de uma epidemia dupla de dengue e chikungunya. A situação foi relatada pela subsecretária de Atenção à Saúde da Secretaria Municipal de Saúde, Rejane Letro, durante a primeira reunião ordinária da Câmara Municipal de Contagem, realizada na manhã desta terça-feira (06/02). 

Convidada pelos vereadores Vinícius Faria (Republicanos) e Ronaldo Babão (Cidadania), presidente e relator da Comissão de Saúde da Câmara, respectivamente, Rejane ocupou a Tribuna Livre da Câmara para falar sobre a atual situação do município e as ações da Secretaria Municipal de Saúde de Contagem diante da epidemia, especialmente a respeito do plano de contingência que vem sendo construído desde 2023 e que inclui diversos eixos de trabalho, órgãos e secretarias da administração municipal. 

Casos ainda devem aumentar

Segundo Rejane, até o ano passado os casos de dengue registrados em Contagem eram do vírus tipo I e II. No entanto, em 2024 já foi identificada a contaminação pelo sorotipo III, especificamente na regional Nacional, a mais próxima do bairro Confisco, em Belo Horizonte, onde foi observado o primeiro caso de contaminação pelo tipo III no fim de 2023. 

E embora haja atenção especial da Secretaria de Saúde sobre a dengue, Rejane explica que a epidemia ainda não atingiu o seu pico, e os casos devem aumentar consideravelmente nas próximas semanas. “Essa situação está apenas começando. Já vimos que essa epidemia está 10 semanas adiantada, já que no ano passado o pico foi no mês de abril. Esse ano, a elevação vai ser antecipada, e é importante estarmos todos preparados para ações devidas”, disse, reforçando a necessidade de ações conjuntas entre população, Executivo e Legislativo. 

Ações concretas

A Secretaria Municipal de Saúde tem trabalhado em conjunto com a Vigilância Sanitária no sentido de visitar, conscientizar e, se necessário, notificar proprietários e moradores de locais potencialmente perigosos para a proliferação do  Aedes aegypti. “Temos tido resultados positivos com a intervenção da Vigilância Sanitária”, conta Rejane, explicando, também, que Contagem tem 300 pontos estratégicos e monitorados, considerados “de risco”, que recebem visitas quinzenais da Secretaria.

Já o trabalho com a Limpeza Urbana garante, a partir desta terça-feira (06/02), os mutirões de limpeza. De acordo com a Prefeitura, a mobilização acontecerá às terças e quintas-feiras, sendo duas regiões contempladas por dia, totalizando quatro Distritos Sanitários por semana. A expectativa é de que sejam realizados 46 mutirões até o mês de abril, com cobertura de, aproximadamente, 138 mil residências. Antes da ação, os moradores da região são informados sobre o dia e horário que o caminhão passará recolhendo os chamados “inservíveis”: objetos que não estão sendo utilizados e que podem ser focos de proliferação das larvas do mosquito. 

Além disso, o trabalho dos Agentes de Combate às Endemias (ACE) está sendo intensificado nas áreas do Nacional e Ressaca, onde há maior incidência das arboviroses. Rejane alerta que o deslocamento de equipes e a concentração de trabalho em locais específicos será necessário no momento. Nessas regiões, inclusive, a Secretaria já põe em prática o “bloqueio de transmissão”, ou seja, o isolamento e a limpeza/desinfecção das residências e peridomicílio de pessoas contaminadas, especialmente com o sorotipo III. 

De acordo com a subsecretária, a “porta de entrada” para aqueles que apresentam sintomas de dengue são as Unidades Básicas de Saúde. Nesses locais, os pacientes podem fazer o teste rápido e, se necessário, receber atendimento médico e hidratação endovenosa. 

Para auxiliar nesse fluxo, desde esta terça-feira, também, entra em funcionamento, no Eldorado, a Central de Hidratação. Localizada na avenida principal do Cinco (Trajano de Araújo Viana, nº1838), onde funcionava o Quinto Sport Mall, no local será possível ser consultado, receber prescrição médica e tomar hidratação endovenosa. O objetivo é desafogar o atendimento nas Upas e Unidades Básicas de Saúde.

Próximos passos 

De acordo com Rejane, Contagem já iniciou o processo de locação de drones, com o objetivo de mapear pelo menos 30% do território do município. Os equipamentos, além de identificar possíveis focos, poderão dispensar larvicidas nos locais de difícil acesso, onde os ACE não conseguem chegar. 

Está em andamento, também, o pedido para a utilização do UBV – chamado também de carro “fumacê” – na cidade. A liberação do carro e do inseticida depende exclusivamente da Secretaria de Estado da Saúde, e o pedido já foi feito há, pelo menos, 20 dias, conforme a subsecretária. 

Por fim, depois do Carnaval, a Prefeitura, por sugestão da Câmara, fará boletins informativos personalizados por regional, dando aos moradores orientações claras e diretas sobre sintomas, medidas de prevenção, números e informações sobre as datas de mutirões de limpeza em cada local.