*Por Marco Túlio de Sousa e Lorena Carazza
Nas primeiras reuniões ordinárias da Câmara de Contagem em 2025, os enfrentamentos entre vereadores do PL e do PT têm sido recorrentes. Nas últimas duas reuniões, Mauricinho do Sanduíche (PL) e Pedro Luiz (PL) fizeram críticas à administração da prefeita Marília Campos (PT). Durante a 2ª Reunião Ordinária, 11/02, Pedro Luiz também associou o Partido dos Trabalhadores à corrupção em aparte no Grande Expediente, quando Adriana Souza (PT) falava da celebração dos 45 anos do partido.
Na plenária desta semana, 18/02, novas discussões tiveram início a partir de manifestação de Mauricinho, que solicitou informações ao Executivo sobre a contratação de instituição responsável pela iluminação natalina na cidade em 2024. Anteriormente, em vídeos publicados nas suas redes sociais, o parlamentar levantou suspeitas sobre o processo licitatório e a idoneidade das empresas responsáveis pelo serviço, além dos valores empenhados.
“Quase oito milhões gastos em luzes de natal! Não iremos descansar onde houver possibilidade de alguma coisa estar errada com o uso de recursos públicos. É um dever nosso, somos guardiões dos recursos públicos. Nós fizemos nosso papel de fiscalização, baseados em documentos que estão no Portal da Transparência”, alegou o vereador.
Em resposta, Adriana Souza (PT) e Moara Saboia (PT) destacaram a importância da iluminação na cidade para valorização o espírito natalino e geração de emprego e renda. “Contagem viveu período tristes, em que não tínhamos iluminação de natal em outros governos e esse é um desejo aprovado mais de 70% da população. Isso acontece em boa parte das cidades do país. Nós pedimos as informações e eu tenho tranquilidade de que tudo passou pelos processos legais. Eu também já fiscalizei, li os processos e os termos que foram feitos de parceria”, disse Adriana.
“Essa Casa pode colocar na Lei Orçamentária Anual (LOA) as luzes de natal, já que é um evento que acontece todo ano. É uma reivindicação do próprio comércio que as luzes de natal aconteçam porque incentiva que as pessoas entrem nesse clima natalino, vão para as ruas, consumam mais e levem as crianças para passear, gerando emprego e renda. Somente a Praça da Liberdade custou R$ 4 milhões, já em Contagem, o valor de R$ 8 milhões contemplou quatorze praças nas oito regionais da cidade”, complementou Moara. A vereadora ainda elogiou o trabalho desempenhado pela Administração Municipal na prestação de contas. “Aproveito para parabenizar a Dra. Nicolle Bleme [controladora geral do município], que tem levado Contagem a ser premiada em todo mundo pela sua transparência. Isso só é possível porque temos um Portal de Transparência em Contagem que funciona”.
Um requerimento (241/2025) assinado pelos parlamentares foi enviado pelo líder de governo Daniel do Irineu (PSB) para a Prefeitura. Nele, são questionados: valor total empenhado, critérios para escolha da modalidade licitatória utilizada, quais empresas realizaram os serviços e quanto cada uma delas recebeu, mecanismos de fiscalização, dentre outros. “Esse parlamento tem compromisso com a fiscalização e, diante dessas denúncias, solicitamos informações a respeito de vários pontos desse contrato”, disse Daniel.
Anistia do 8 de janeiro
Em outro momento da plenária, PL e PT voltaram a divergir, desta vez, sobre o tema da anistia para os presos da manifestação de 8 de janeiro. Embora a Moção 061/2025, de autoria do vereador Pedro Luiz (PL), tenha sido no sentido de pedir que a pauta da anistia seja colocada e apreciada pelo Congresso Nacional, a discussão acabou girando em torno do apoio ou não à anistia dos detidos nos atos daquele dia.
Na sua fala no Grande Expediente, Pedro Luiz disse que a mídia construiu uma narrativa de terrorismo em cima de uma manifestação de cunho social e não político, apesar de ter admitido que, em alguns pontos, “a manifestação se excedeu”. Usando como exemplo a contagense Josilaine Cristina Santana, moradora do bairro Riacho, que foi detida na manifestação de 8 de dezembro e está até hoje privada do convívio familiar e da criação de seus filhos, o vereador questionou também a conduta de “dois pesos e duas medidas” do Supremo Tribunal Federal.
“Na data em que realizava um sonho, Josilaine colheu os frutos da injustiça de um país que não atende às necessidades de seu povo e criminaliza aqueles que se opõem à corrupção e aos privilégios desmedidos”, disse o vereador, explicando que Josilaine teve sua imagem vinculada a atos de terrorismo e vandalismo com base em ações de terceiros.
Ainda de acordo com o vereador, a injustiça teria ocorrido quando todos os manifestantes foram julgados da mesma forma, sendo que alguns não teriam cometido qualquer ato de violência ou vandalismo. A fala foi corroborada pelo colega de partido, Mauricinho do Sanduiche: “A maioria ali era réu primário, trabalha, tem endereço fixo. As pessoas que, por algum motivo, atentaram, quebraram e fizeram algum tipo de vandalismo têm que ser penalizadas, mas colocaram todas as pessoas no mesmo barco, condenando-as a 17 anos de reclusão”, ponderou. Tia Keyla (PL), por sua vez, exigiu que os Direitos Humanos façam valer a justiça para aqueles que não participaram dos atos de vandalismo e depredação.
O primeiro aparte à fala de Pedro Luiz foi do vereador Zé Antônio do Hospital Santa Helena (PT), que solicitou que a moção fosse apreciada de forma individual, já que, de praxe, todas as moções, requerimentos e indicações são votadas em conjunto, de uma só vez. Com o ditado “Quem anda com porcos, farelo come”, resumiu sua ideia a respeito do tema: a de que pessoas simples foram induzidas por “poderosos” e que a anistia, caso aconteça, deve ser analisada de forma individual.
Adriana Souza (PT), em sua fala, foi enfática em seu posicionamento: “Sem anistia para golpista!”. Para ela, os atos de 8 de janeiro se caracterizam como uma tentativa fracassada e violenta de atentado ao Estado e aos três poderes. “E esta Casa, como poder instituído, não pode corroborar”, disse, considerando um ato de coragem a colocação do tema em plenário, uma vez “que vai contra 86% da população brasileira, de acordo com pesquisa do Instituto Quaest, de janeiro de 2025”.*
Por fim, a moção foi votada isoladamente e recebeu o voto contrário da bancada do PT, composta pelos vereadores Zé Antônio, Moara Saboia e Adriana Souza.
*A pesquisa pode ser acessada, na íntegra, clicando aqui.
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