Tribuna Livre debate inclusão de pessoas com deficiência

O Legislativo de Contagem tem se destacado, nos últimos anos, pelo debate, proposição e desenvolvimento de políticas públicas voltadas para as pessoas com deficiência. Na última semana, o assunto foi pauta mais uma vez da reunião ordinária, com a participação, na Tribuna Livre, do Projeto Circuito Inclusão.

A presidente e fundadora da iniciativa, Débora Batista, explicou que o Circuito Inclusão é um projeto sem fins lucrativos, com sede em Contagem, que conta com o apoio de diversos parceiros da iniciativa pública e privada, assim como diversos voluntários, para promover lazer e atividades recreativas inclusivas para pessoas com deficiência. Atualmente, atende cerca de 400 pessoas, e busca mais suporte do poder público para atender de forma qualificada ainda mais.

Débora contou a história de uma de suas filhas, Júlia, que tem síndrome genética rara, e que já passou por uma experiência de quase-morte aos quatro anos, após uma crise epilética, ficando em coma por um longo tempo. “Após uma semana, ela nasceu novamente, e acordou como se nada tivesse acontecido. E chagamos à conclusão que, se a Júlia, uma criança que sempre teve acesso a cuidados e ao tratamento, queria lutar por sua vida, quem éramos nós para deixarmos o desânimo tomar conta, por uma dificuldade”, destacou.

A fundadora do Circuito Inclusão falou desse episódio para exemplificar as lutas e dificuldades diárias dos pais e familiares de pessoas com deficiência, para garantir seus direitos de forma ampla, incluindo saúde, educação e lazer. “São direitos descritos nos livros e na legislação, mas que não chegam a todos”.

Ela falou mais detidamente sobre o direito ao esporte, lazer e cultura, áreas que o Circuito Inclusão busca abraçar. “O lazer é parte importante na vida de qualquer pessoa, momento de relaxar e de se dedicar a uma atividade prazerosa. Para uma pessoa com deficiência, o lazer também é um instrumento fundamental no desenvolvimento educacional e motor, além de contribuir muito neurologicamente para essas pessoas. Contudo, não é tarefa simples proporcionar momentos de lazer para esse público”, explicou Débora.

Ela acrescentou que são poucos os ambientes e atividades de esportes, cultura e lazer no município voltados para as pessoas com deficiência. Por isso, entidades e projetos específicos, como o Circuito Inclusão, tem sido os grandes responsáveis por essa tarefa, “criando espaços de socialização e convivência. No entanto, dependemos de colaboração para a realização de passeios e outras atividades extras, como doação de convites e ajuda com transporte”, desabafou.

“Acreditamos que a falta de recursos econômicos e a impossibilidade de as famílias das pessoas com deficiência suprirem essas necessidades sozinhas são empecilho para o lazer, que é essencial para o desenvolvimento global dessas pessoas e para a sua inclusão na sociedade”, pontuou Débora.

Projetos do Circuito

A presidente do Circuito Inclusão destacou que, desde sua fundação, em 2017, é um objetivo da equipe do projeto criar um centro de referência para o lazer das pessoas com deficiência em Contagem. Outro sonho é que todos os espaços públicos tenham brinquedos acessíveis a todos. Para isso, é necessário o apoio do poder público. Um dos passos já realizados nesse sentido é a prática do skate adaptado para pessoas com deficiência, realizado pelo Circuito. E outra iniciativa do projeto foi, a partir de 2019, oferecer o primeiro parque móvel inclusivo de Minas.

Débora Batista lembrou ainda que Contagem é a primeira cidade do estado a ter um time de Power Soccer, que inclui pessoas com deficiências severas e que usam cadeiras de rodas motorizadas. “Foram para o primeiro campeonato em dezembro do ano passado, e vão para o segundo, no mês de setembro, em São Paulo, e têm brilhado. Se existia a ideia de que era impossível, para pessoas cadeirantes, jogar futebol, hoje, isso não existe mais, pois futebol é para todos. Por isso, é uma honra para mim ser presidente do Minas Power Soccer”, afirmou.

Apoio da Câmara

Os vereadores parabenizaram Débora Batista pela iniciativa, citaram algumas políticas públicas nesse sentido e se colocaram à disposição para lutar por mais espaços de lazer e cultura para as pessoas com deficiência.

O vice-presidente da Câmara, vereador Zé Antônio (PT), que fez uma moção de parabéns ao projeto, ressaltou que já visitou sua sede e pode ver “um dos maiores espaços de Contagem para cuidar das pessoas com deficiência”. Na mesma medida, Daniel Carvalho (PSD) enalteceu o trabalho desenvolvido e se colocou à disposição da instituição, sobretudo, pelo fato de a “inclusão das pessoas com deficiência ser uma bandeira do mandato, inclusive com projetos como o que garante brinquedos adaptados em parques e praças da cidade”.

Vinícius Faria (PP) ressaltou a necessidade de uma ampla campanha de divulgação das vagas de estacionamento preferenciais para pessoas com deficiência. E Débora sugeriu um selo de responsabilidade social para empresas e instituições que ofereçam acessibilidade para esse público.

Silvinha Dudu (PV), que já é voluntária do projeto, Glória da Aposentadoria (PSDB) e Arnaldo de Oliveira (Solidariedade) externaram apoio à iniciativa e se comprometeram a seguir dando suporte para o projeto. “Convido os 21 vereadores a visitar o espaço e buscar a emendas com os deputados para melhorar ainda mais sua estrutura”, estimulou Silvinha.

Por fim, Zé Antônio lembrou do trabalho do Legislativo em aprovar proposições voltadas para a melhoria da qualidade de vida das pessoas com deficiência e de seus familiares. E citou, como referência, o Centro Especializado de Reabilitação Antônio de Oliveira (CER IV), que oferece toda a estrutura, técnicas avançadas e uma equipe multidisciplinar voltados para o atendimento das pessoas com deficiência intelectual, física, auditiva, visual e múltiplas deficiências.