O dia mundial de conscientização sobre a doença falciforme – celebrado no dia 19 de junho – não passou em branco na Câmara Municipal de Contagem. Na reunião plenária da semana, o vereador Zé Antônio do Hosp. Sta. Helena (PT) usou o grande expediente para lembrar a data e falar sobre os avanços e dificuldades enfrentados pelas pessoas com essa doença genética e hereditária.
O vereador iniciou sua fala definindo a doença e falando sobre as principais complicações. “A doença falciforme é uma questão de saúde pública. É uma doença congênita da hemoglobina, que impede a oxigenação do organismo de maneira adequada, resultando em diversas complicações físicas e psicológicas, tais como AVC, déficit imunológico, crises de dor, vaso-oclusão, úlceras, perda de visão, pneumonias de repetição, entre outras”, listou Zé Antônio.
Ele explicou que, em 2009, reconhecendo a relevância da doença, a Organização das Nações Unidas definiu o dia mundial de conscientização. E outro marco importante, este em domínio nacional, foi a portaria n° 1391, de agosto de 2005, que constituiu, no âmbito do Sistema Único de Saúde, as diretrizes para a Política Nacional de Atenção Integral às Pessoas com Doença Falciforme e outras Hemoglobinopatias – “política essa que abriu portas para mais de dez portarias importantes para esses pacientes”.
Zé Antônio destacou que foram muitos avanços nesses últimos onze anos, mas que há muito a ser feito. Completou, ainda, que o componente social da condição é muito relevante, e trouxe alguns dados para ilustrar que a doença deve ser abordada não apenas por políticas públicas de saúde, mas também de educação, assistência social, direitos humanos, e políticas para as mulheres e para a população negra.
“A doença falciforme é uma doença complexa, que envolve questões sociais importantes, tão graves quanto sua fisiopatologia. Vocês sabiam que 90% das pessoas com doença falciforme são negros, e 86% são mães solteiras? Sabiam que 93% não concluíram o ensino fundamental, e que 98% são beneficiários do Bolsa Família? Não concluem os estudos porque, quando doentes, eles não tem condições sequer de frequentar as aulas”, ressaltou o parlamentar.
Por fim, colocou que a questão passa pela compreensão das particularidades da doença e por uma abordagem integral da pessoa com doença falciforme e seus familiares, desde o momento do diagnóstico, até os cuidados médicos, terapêuticos e sociais. “Esse vereador vem à frente da questão da saúde pública. E me comprometo a pedir um apoio para a Dreminas (Associação de Pessoas com Doença Falciforme e Talassemia de Belo Horizonte e Região Metropolitana), para que tenhamos em Contagem a maior associação desses pacientes no País”, concluiu.
Transporte gratuito
Na mesma reunião, o vice-presidente da Câmara, vereador Alex Chiodi (SDD), falou sobre um requerimento de sua autoria para que a Prefeitura de Contagem disponibilize transporte gratuito para crianças com doença falciforme e para aquelas com doença renal que precisam se deslocar para o tratamento, respectivamente, na Fundação Hemominas e no Hospital das Clínicas, em Belo Horizonte.
“A anemia falciforme é uma doença muito dura para o paciente e para a família. O tratamento é muito doloroso e debilita muito a pessoa, e não temos o tratamento em Contagem, assim como não temos para doenças renais em crianças, que são tratadas em Belo Horizonte”, destacou Chiodi.
O vice-presidente acrescentou que essa medida beneficiará centenas de pessoas no município. “Um levantamento do Hospital das Clínicas indica que temos aproximadamente 430 crianças de Contagem cadastradas que fazem hemodiálise, e em torno de 70 crianças que fazem o tratamento de anemia falciforme. Além dos problemas de saúde, essas famílias enfrentam dificuldades financeiras com o deslocamento para Belo Horizonte e o lanche das crianças. Assim, estamos solicitando à secretaria de Saúde um transporte específico para essas crianças”.
Em aparte, os vereadores Zé Antônio e Decinho Camargos (PHS) ressaltaram a necessidade de investimento para o tratamento dessas crianças no próprio município. “No último dia 12, estive com o deputado Marcelo Aro, e ele me falou que a emenda de 1 milhão de reais que havia proposto para a cidade estava bem encaminhada para a área da Saúde. Proponho de vermos com o secretário (municipal de Saúde) Evandro se ela pode ser encaminhada para equipamentos de hemodiálise”, sugeriu Decinho.
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