ACESSO RÁPIDO
acessibilidade

População debate a cobrança do IPTU residencial na Câmara de Contagem

8 de agosto de 2017, por Lorena Carazza

Com as galerias, plenário, saguão e rua lotados, a Câmara Municipal de Contagem recebeu, na noite da última segunda-feira (07/08), a audiência pública que tratou sobre o retorno da isenção do IPTU residencial no município. No final do ano passado, um projeto de lei complementar pôs fim à isenção do imposto sobre os imóveis cujo valor venal seja superior a R$ 140 mil.

A audiência foi solicitada pelo vereador Vinícius Faria (PCdoB) e aprovada por unanimidade pelos parlamentares. O evento contou com a presença de representantes do Executivo municipal, do Ministério Público, de entidades representativas da sociedade civil, de movimentos sociais e também do ex-prefeito de Contagem, Carlin Moura. A deputada estadual e ex-prefeita da cidade, Marília Campos, enviou representante. Além do vereador autor do requerimento que deu origem à audiência, participaram os vereadores Jair Tropical e Silvinha Dudu, do PCdoB, e Pastor Itamar (PRB).

O encontro foi aberto por Vinícius Faria, que agradeceu à Câmara a aprovação da audiência e, na sequência, passou a palavra para o promotor de justiça Fábio Reis Nazareth, na ocasião representando o Ministério Público de Minas Gerais. A participação do promotor visou a esclarecer as informações sobre o papel do MP no processo que acabou ampliando a cobrança do IPTU residencial em Contagem, já que esta foi uma das fundamentações do atual governo para acabar com a isenção do imposto na cidade.

O promotor, na ocasião, defendeu que a isenção do imposto sobre as residências poderia continuar caso o Executivo fizesse retificações nas leis e as adequassem à Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) com, por exemplo, a apresentação de um estudo de impacto financeiro e orçamentário sobre a não cobrança do IPTU.

O ex-prefeito Carlin Moura, que falou em seguida, negou que esteja respondendo, até agora, a algum processo ou ação pelo fato de ter mantido a isenção do IPTU residencial em seu mandato. Já a Deputada Marília Campos, por meio de seu representante, Hamilton Reis, justificou que em seus dois mandatos conseguiu aumentar em 308% a receita vinda da cobrança do IPTU sem, contudo, imputar a cobrança às residências do município.

O procurador-adjunto do município, Rafael Braga, que representou o Executivo na audiência, alegou que há uma representação do Ministério Público de Contas contra Carlin e Marília, protocolada no dia 05 de junho deste ano, e ainda uma Ação Civil Pública na 7ª promotoria de Justiça. Ambos os processos responsabilizariam Carlin e Marília pela renúncia de receita proveniente da isenção do IPTU residencial.

Rafael Braga esclareceu também que a isenção do IPTU não é irregular, mas para se enquadrar na Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), o município deve comprovar compensação de receita. “E há 16 anos, desde a promulgação da LRF, se descumpriu a lei ao renunciar esta receita, de 2002 a 2017”, explicou, garantindo que em Contagem não há uma fonte de arrecadação que possa justificar e compensar a isenção geral do IPTU residencial.

Os grupos organizados também tiveram fala, como o grupo “Indignados”, o “Revoltados” e o Libertas Minas, movimento que espessou a luta contra a cobrança do IPTU em Contagem. Da mesma forma, usou a tribuna Carolina Fernandes Leite, moderadora do grupo Fiscalizando Contagem.

Ela foi a responsável pelo recolhimento das assinaturas que compuseram o Projeto de Lei de Iniciativa Popular que tramitou na Câmara até a semana passada, mas foi arquivado por ter recebido pareceres de inconstitucionalidade. “Nós temos que lutar pelo que acreditamos, pelo que achamos digno e de valor. Contagem está mostrando para o resto do Brasil que somos um povo de luta”, disse Carolina.

O secretário de Estado de Turismo e deputado estadual licenciado, Dr. Ricardo Faria (PCdoB), depois de saudar os movimentos sociais envolvidos na luta contra o IPTU, anunciou que o partido vai entrar com uma ADI (Ação Direta de Inconstitucionalidade) para suspender a cobrança do imposto, levando em consideração a “fragilidade jurídica dele, constatada pela forma como ocorreu seu processo legislativo”.

Depois de outras participações de cidadãos e integrantes de movimentos, o advogado do Libertas Minas, Leandro Amaral, apresentou alguns casos de jurisprudência em que o Supremo Tribunal Federal teria entendido como legais e constitucionais projetos de lei que tratam de matéria tributária e financeira propostas pelo Legislativo.

“Então, a Câmara Municipal de Contagem pode sim propor o retorno da isenção do IPTU”, disse, considerando que as jurisprudências podem contar a favor, caso um projeto de lei que venha a ser apresentado pelo Legislativo municipal.

Por fim, Leandro encerrou sua fala listando uma série de encaminhamentos propostos pelo Movimento, que incluem a realização de um referendo para consultar a população sobre o assunto e a apresentação, por parte do vereador Vinícius Faria, de um projeto de lei que retorne com a isenção do IPTU residencial em Contagem.

Vinícius encerrou a audiência colocando para a votação e aprovação dos presentes os encaminhamentos propostos durante a reunião, e agradeceu a mobilização e a presença de todos. “Quero agradecer a presença de todos, das milhares de pessoas que estiveram neste plenário e lá fora, que exerceram hoje o poder da cidadania” finalizou.

  • Confira a galeria de fotos do evento aqui.

 

Veja mais notícias

Câmara entrega diplomas de Mérito Educacional

“Vocês, que atuam na área da Educação, têm um compromisso fundamental com o desenvolvimento cultural e social do nosso município. E, por isso, a Câ...

24 de outubro, por Marco Túlio de Sousa

Projeto garante moradia para pessoas de baixa renda

Os vereadores de Contagem aprovaram, de forma unânime, em segundo turno e redação final, na terça-feira (21/10), o Projeto de Lei Complementar nº 1...

23 de outubro, por Marco Túlio de Sousa

Contagem ganha legislação que regula as obras realizadas no município

Os vereadores de Contagem aprovaram por unanimidade, nesta semana, o novo Código de Obras Municipal (Projeto de Lei Complementar 12/2025), que esta...

23 de outubro, por Leandro Perché
Todos os direitos reservados a Câmara Municipal de Contagem